Missão e Visão

Missão: Fomentar a produção científica dos diversos setores clínicos do Hospital, criando um ambiente acadêmico na Instituição.

Visão: Projetar o Hospital São Rafael no cenário nacional e internacional, como uma instituição cientificamente produtiva e cuja cultura de pensamento clínico seja embasada no paradigma científico.


quinta-feira, 9 de abril de 2015

Eficácia de Protocolo de Qualidade Assistencial para Tratamento de Pneumonia em Crianças


Em nossa segunda Sessão Científica, Roberto Salponik, coordenador da Pediatria do HSR, protagonizou a transformação científica do que originalmente representou um projeto de qualidade assistencial da pediatria para tratamento de pneumonia em crianças.

Este projeto recebeu o merecido prêmio de melhor trabalho feito por um residente no ano 2013 em nosso Hospital. Agora a pediatria está desenvolvendo uma análise mais elaborada para fins de publicar esse trabalho em forma de artigo científico. 

Inicialmente a discussão foi focada na definição do objetivo do estudo, que é o pilar de qualquer projeto científico. O objetivo do estudo deve explicitar a pergunta da pesquisa. Qual a pergunta que mais interessa neste contexto? A efetividade do protocolo. 

Sendo assim, definiu-se como o objetivo testar a efetividade do protocolo. 

Neste momento, discutiu-se a diferença de eficácia e efetividade. Eficácia é a prova do conceito em estudo experimental que traz um cenário ideal para avaliação de causalidade: um ensaio clínico randomizado. Já efetividade avalia o efeito no mundo real, sendo um desenho mais aberto (sujeito a vieses), porém mais próximo da realidade prática. Por este motivo, a pergunta diz respeito a efetividade. Ou seja, parte-se da premissa de que há eficácia e agora queremos avaliar o impacto em um cenário real de pacientes. Esta foi uma enriquecedora discussão do ponto de vista didático, que permitiu também clarear a mente de todos a respeito do objetivo do estudo.

Em seguida, partiu-se para a metodologia, onde foi discutido qual o desfecho primário na representação da efetividade. Idealmente, seria um desfecho clínico grave (morte, intubação, etc), porém estes desfechos são multifatoriais e o estudo pode ser pouco sensível para reconhecer estes tipos de impacto. Portanto, escolheu-se um desfecho numérico e possivelmente mais sensível, o tempo de internamento.

Este estudo não tem grupo controle, apenas avalia o desfecho ao longo do tempo da aplicação do protocolo. Se houver efeito, haverá uma tendência a queda progressiva. Será então feita uma análise por ANOVA comparando o tempo entre períodos sequenciais de 6 meses. Também será avaliado o coeficiente de variabilidade do tempo dentro de cada período, pois menos variabilidade pode representar melhora da consistência da equipe em gerar uniformidade de resultados entre os pacientes. 

Diversos desfechos secundários serão também avaliados, como geradores de hipótese. 

No final da discussão, o residente de clínica médica Caio Henri gerou uma importante questão: se o protocolo é aplicado a toda população de crianças com pneumonia do HSR (não é amostra), porque há análise estatística? A resposta a este questionamento chama atenção da importância de se distinguir uma análise de qualidade assistencial de uma análise científica:

Sim, do ponto de vista assistencial, estamos avaliando a população do HSR. 

Mas do ponto de vista científico, estamos usando nossos pacientes para testar um conceito a ser aplicado por outros grupos, outros hospitais. Cientificamente, a população-alvo é "crianças com pneumonia" e nossos pacientes não passam de uma amostra de conveniência desta população-alvo.

A discussão provocou muitas reflexões, a ponto de Roberto Salponik, em seu típico entusiasmo, pedir espaço para uma nova discussão de seu trabalho dentro de dois meses. 

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